A Fórmula 1 viveu uma marcante e excelente temporada 2020. Uma temporada de grandes corridas e, mais do que isso, grandes histórias. Duas delas foram escritas por pilotos que venceram pela primeira vez no Mundial. Mas não foram meras vitórias. Pierre Gasly triunfou no incrível GP da Itália, enquanto Sergio Pérez subiu no topo do pódio pela primeira vez na carreira no espetacular GP de Sakhir. Na análise de Fernando Silva no GP às 10 desta segunda-feira (21), Pérez e Gasly foram os heróis improváveis deste ano e dois dos grandes pilotos do campeonato.
Gasly e Pérez têm alguns pontos em comum, ressalta o jornalista. Além de terem triunfado pela primeira vez na Fórmula 1 correndo por equipes medianas, os dois também conseguiram reconstruir suas respectivas carreiras depois de uma passagem fracassada por equipes de ponta: Pierre, na Red Bull, em 2019; Pérez, na McLaren, em 2013.
Os dois pilotos tiveram a então maior chance das carreiras com a mesma idade: 23 anos. Mas a jornada malsucedida não representou necessariamente o fim na Fórmula 1. Pérez e Gasly puderam recomeçar. O mexicano, pela Force India — que em 2018 virou Racing Point — amadureceu e se destacou como um dos grandes pilotos do meio do pelotão. Desde 2014 até o desfecho da temporada que se encerrou em Abu Dhabi, o piloto de Guadalajara marcou um total de sete pódios, somados aos três que já tinha obtido nos tempos de Sauber, com maior destaque para a vitória épica em Sakhir. Triunfo que lhe valeu, dias depois, a chance de voltar a uma equipe de ponta ao ser anunciado como titular da Red Bull em 2021.
Gasly despontou para a Fórmula 1 com um grande campeonato em 2018 pela Toro Rosso. A cúpula da Red Bull decidiu promover o jovem francês para a equipe tetracampeã do mundo em 2019 para ser o substituto de Daniel Ricciardo, que foi para a Renault. Mas Pierre foi pressionado logo no início da sua trajetória pela equipe taurina, cometeu erros, bateu em algumas ocasiões e não entregou nem perto da performance esperada pela equipe. Durante as férias de verão, Gasly foi rebaixado para a Toro Rosso, enquanto Alexander Albon subiu para a Red Bull.
Foi aí, depois de aprender na dor, que Pierre se mostrou um piloto muito mais forte e maduro. Com boas atuações pela equipe de Faenza, o gaulês iniciou o processo de renascimento na F1. E para não haver mais provas, fez uma brilhante corrida no GP do Brasil de 2019, suportou a intensa pressão de Lewis Hamilton na volta final e conquistou o pódio, seu melhor resultado até então na F1.
Em 2020 na AlphaTauri, novo nome da Toro Rosso, Gasly foi muito mais eficiente que seu companheiro de equipe Daniil Kvyat. Mesmo sofrendo com alguns problemas mecânicos aqui e ali, Pierre se mostrou muito mais consistente e combativo, com várias corridas entre os dez primeiros colocados. A temporada, que já se desenhava como muito boa, subiu de patamar com a vitória histórica em Monza, o que ratificou de vez a maturidade e a capacidade de um piloto jovem, de 24 anos.